Grande parte das pessoas vivem suas vidas baseadas em crenças que as tornam prisioneiras de seus próprios destinos. Acreditam que, para ser feliz, precisam ser promovidos anualmente no trabalho, ter o carro do ano, usar roupas da moda e morar na casa própria. De repente, as “coisas” e o “status” se tornam mais importantes do que todo resto. Muitas pessoas gastam todo o seu dinheiro acumulando coisas que não as deixam mais felizes, se enfiam em financiamentos e dívidas, e quando chega a hora de fazer aquela viagem tão desejada só conseguem pagando em muitas parcelas. Mesmo sem perceber, muitos se encontram presos, totalmente dependentes do dinheiro, que muitas vezes vem de um trabalho que não gostam.
Você já se viu em alguma dessas situações? Nós também.
Temos que admitir que mesmo nos tempos em que estávamos seguindo o ritmo do consumismo, sempre tivémos um mínimo de disciplina para guardar algum dinheiro. Mas esse mínimo era realmente muito pouco, e mal podíamos imaginar o potencial que estava escondido entre tantos gastos supérfluos: roupa nova todo mês, almoçar e jantar fora várias vezes, cinema todo final de semana, parcela do carro novo, compra de decoração para a casa, e por aí vai… E é engraçado notar que mesmo quando tivemos nossas promoções no trabalho e passamos a ganhar mais dinheiro, esse valor adicional nunca era economizado, pelo contrário! Ele entrava no bolo dos gastos e em pouco tempo nem sentíamos mais a diferença de ter uma receita maior.
Mas quando tudo isso mudou? Difícil definir o exato momento, pois foi um processo. Várias coisas foram acontecendo nas nossas vidas, além do nosso próprio amadurecimento, autoconhecimento e busca por mais significado. Este processo foi o que nos despertou a vontade de realizar o sonho antigo da volta ao mundo, e foi o mesmo que nos abriu os olhos para a necessidade de assumir o controle das finanças e planejar uma mudança de vida.
Nós começamos a analisar nossos gastos, classificar os essenciais e os supérfluos, apontar tudo que poderia ser cortado e BINGO! Descobrimos que poderíamos passar a gastar muito menos do que gastávamos antes, cortando mais de 40% dos gastos mensais, dá para acreditar? É importante dizer que disciplina é tudo quando se trata de planejamento, principalmente a longo prazo. Mas neste caso, a disciplina seria uma consequência da mudança de pensamento e do nosso comportamento. Como parar de comprar roupas novas se você acredita que esse ato vai te fazer mais feliz? É preciso reconceituar sua felicidade e ter claro seus objetivos.
Foto: Léo no Ushuaia
Foi apenas com estes pontos claros que começamos a ver sentido em praticar o desapego, pouco a pouco, em diferentes áreas da nossa vida. Começamos pelas finanças, logo seguimos para o guarda-roupa, eletrodomésticos, casa… e nunca terminamos. Acreditamos que este é um processo contínuo, e no nosso caso o combustível para que ele acontecesse de forma mais rápida foi a vontade de viabilizar o quanto antes a nossa mudança de vida através da viagem de volta ao mundo.
Iniciamos este processo em 2016 e depois de 3 anos podemos olhar para trás com alegria muito orgulhosos de ter cumprido o que nos determinamos a fazer. Vimos nosso guarda-roupa reduzir, nossos armários da casa ficarem vazios e nossos gastos com alimentação cair. Que vitória! Mas nosso maior desafio ainda está por vir: sair do apartamento que moramos de 40m² para nossa casa sobre rodas, que tem apenas 3m².
Para concretizar esta mudança precisaremos reduzir ainda mais o guarda-roupa, que vai conseguir abrigar poucas peças e no máximo 3 pares de sapato para cada um; escolher a dedo os utensílios de cozinha que iremos levar à bordo e abrir espaço para guardar nosso violão e peças sobresselentes da mecânica do carro. Que desafio!
Depois de 3 anos praticando desapego, uma coisa podemos afirmar: quanto menos “coisas” temos, mais tempo ganhamos para dedicar ao que realmente importa: VIVER!
E você, vai começar a sua mudança quando?
